'/> CETADEB Londrina - Califórnia. Teologia ao alcance de todos. Básico, Médio e Avançado.: Instituto do Templo e o Terceiro Templo em Israel

07 outubro 2013

Instituto do Templo e o Terceiro Templo em Israel

Em um pequeno escritório em Jerusalém, um rabino sonha com uma construção distinta da modéstia de sua sala --o Terceiro Templo, conforme profetizado mais de dois milênios atrás.


Chaim Richman lidera o braço internacional do Instituto do Templo, que desde 1987 recolhe fundos para concretizar as visões do profeta Ezequiel a respeito da edificação do que o judaísmo considera a casa de Deus.

O templo com que Richman sonha está descrito nas Bíblias judaica e cristã, com medidas e instruções detalhadas. A construção daria sequência ao Templo de Salomão, destruído pela Babilônia no século 6º a.C., e ao templo de Herodes, desmontado por Roma no século 1º.

Os projetos do instituto esbarram, porém, em uma série de obstáculos. Não apenas a oposição encontrada inclusive entre judeus, mas também o fato concreto de que o Terceiro Templo teria de ser construído onde há, hoje, dois dos locais mais sagrados do islã.

Quando ocuparam a região, no século 7º, árabes ergueram no lugar do templo judaico destruído o Domo da Rocha e a mesquita de Al-Aqsa, terceira construção mais importante para os muçulmanos depois de Meca e de Medina, na Arábia Saudita.

VACA AVERMELHADA

Richman dispensa pessimistas. "Se você dissesse a um judeu num campo de concentração que haveria um Estado israelense, ele riria", afirma à Folha. "O salto, hoje, é mais fácil."

Com essa certeza, o instituto financia pesquisas, desenha plantas arquitetônicas e constrói os artefatos necessários aos rituais, uma vez erguido o templo. Segundo o rabino, já há uma quantidade mínima de utensílios para iniciar os procedimentos.

A organização de Richman também tenta, há décadas, concretizar o trecho profético que exige o sacrifício de uma vaca de três anos em que todos os pelos sejam, sem exceção, de tom avermelhado.

O rabino afirma que há criadores candidatos, mas se recusa a entrar em detalhes. Nos anos 1990, um líder pentecostal chamado Clyde Lott aliou-se ao instituto para criar um rebanho vermelho no vale do rio Jordão.

Há 15 anos, a aliança foi rompida por "divergência de objetivos", diz Richman.
Alguns grupos cristãos acreditam que a reconstrução do templo, a permanência de judeus em Israel e o sacrifício podem apressar uma segunda vinda de Jesus.


LADO ISLÂMICO

Richman diz que "os judeus deveriam ser a luz das nações" e que, caso de fato desempenhassem esse papel, não haveria atrito com autoridades islâmicas.
"Se nós fôssemos as pessoas que deveríamos ser, os muçulmanos viriam até nós e pediriam que construíssemos o templo", diz o rabino.

O edifício é visto pela tradição judaica como uma casa para o culto de todas as religiões, não só do judaísmo.

A reportagem procurou o xeque Azam al-Khatib, diretor do Waqf Islâmico, autoridade que gere a mesquita de Al-Aqsa, sob comando do rei da Jordânia, Abdullah.

"Os judeus estão tentando levar os países árabes à guerra", diz Khatib. "Se houver pessoas com boa índole em Israel, vão parar esse grupo [Instituto do Templo] e afastá-los do nosso local santo."

"Os historiadores sabem que é uma lenda", afirma Khatib. "Nunca houve um templo judaico nesse lugar."

O material turístico publicado por essa instituição mencionava o Templo de Herodes, conforme arquivo consultado pela reportagem.

Os panfletos foram, porém, modificados após o surgimento do Estado de Israel, em 1948.

LOBBY

Folha reuniu-se, no Parlamento israelense, com Yehudah Glick, presidente da Fundação de Herança do Monte do Templo, que faz lobby pela reconstrução.
"O templo, mais do que o Muro das Lamentações, é central para a fé judaica", diz. A instituição organiza a visita de judeus à esplanada, sob escolta armada e olhares de censura de muçulmanos.

A reportagem perguntou a ele o que será feito das construções islâmicas. A resposta foi esquiva. "Quando o Estado de Israel foi construído, também havia árabes aqui. Mas foi decidido que esse seria o Estado judaico. Quem não aceitar pode ir embora.