A governo interino de Michel Temer não está mostrando mudanças de postura apenas no Brasil. O Itamaraty, agora comandado por José Serra, decidiu mudar o voto brasileiro na 199ª Sessão da Unesco, realizada em abril.
Na ocasião, foi debatido os direitos pelo patrimônio culturalnos territórios conquistados por Israel na Guerra dos Seis Dias. O texto, que era abertamente pró-palestinos, foi aprovado por 33 votos a favor (incluindo o do Brasil). Houve ainda dezessete abstenções e duas ausências. Os votos contrários agora são sete. A França também voltou atrás neste voto.
Embora seja insuficiente para mudar a decisão do órgão das Nações Unidas que cuida da cultura, a postura mostra uma ruptura com a relação Brasil-Israel tão fragilizada durante os governos petistas.
A nova postura do Itamaraty fica clara na nota oficial: “O fato de que a decisão não faça referência expressa aos vínculos históricos do povo judeu com Jerusalém, particularmente o Muro Ocidental, santuário mais sagrado do judaísmo, é um erro, que torna o texto parcial e desequilibrado”.
O governo brasileiro deixou clara sua posição mais amigável em relação a Israel na nota emitida ontem (8).
“O governo brasileiro condena o covarde ataque terrorista que deixou ao menos quatro mortos hoje em Tel Aviv. Ao transmitir seus pêsames aos familiares dos mortos e sua solidariedade com o povo e o governo de Israel, o Brasil reitera seu firme repúdio a todas as formas de terrorismo, qualquer que seja sua motivação”, diz o documento.
Ruptura nos governos petistas
Embora dê sinais de reaproximação, o governo brasileiro ainda não desfez o imbróglio diplomático de Dilma Rousseff, que deixou Israel sem embaixador em Brasília desde o início do ano.
O distanciamento das relação começou durante o governo Lula. Em 2010, foram enviados 10 milhões de dólares do erário público para o grupo político Hamas, que governa Gaza e é considerado uma organização terrorista. Foi justamente o Hamas quem assumiu a autoria do atentado desta semana em Tel Aviv.